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Cada coisa convém aquilo que pertence a sua própria essência, e sendo a essência de Deus, o Amor1convém ao Amor habitar no ser amado, tornando-se eternamente unido a ele. O Amor não é egoísta, não vive em si, por si ou para si, pois sendo a virtude máxima da perfeição2, se expande à medida em que é compartilhado[3]Por isso, convinha ao Amor nascer em nossa natureza, para que unida a sua natureza Divina fossem numa só Pessoa, unas eternamente a Divindade e a humanidade4; o Criador e a espécie magna da criação, representante de todas as demais espécies e obras criadas e a única que carrega em si a imagem e semelhança do seu Criador.5 Sendo a humanidade a imagem de Deus, convém que a imagem esteja unida ao modelo para que no distanciamento de um com outro, essa imagem não se ofusque ou deforme vindo a se apagar: “DEUS NOS CONCEDE UM FAVOR DE QUE AS DEMAIS CRIATURAS ESTAVAM PRIVADAS, ISTO É, A MARCA DA SUA PRÓPRIA IMAGEM, UMA PARTICIPAÇÃO NO SER RACIONAL DO PRÓPRIO VERBO, DE TAL MODO QUE REFLETIDA EM NÓS ESSA IMAGEM, NOS TORNAMOS RACIONAIS EXPRESSANDO A INTELIGÊNCIA DE DEUS, TANTO QUANTO DO PRÓPRIO VERBO, EMBORA EM GRAU LIMITADO.” (Santo Atanásio. ANTOLOGIA A CRIAÇÃO E A QUEDA. Epístola XXXIX, p. 7, anos 328-373) Todavia, o espelho no qual víamos a imagem Divina da perfeição refletiva em nós, restou quebrado quando a humanidade se corrompeu, abandonando voluntariamente o Amor e a Bondade, tornando-se incapaz de reconhece-los e com eles interagir, senão quando novamente reunida ao Amor e a Bondade. Convinha, então, ao Amor, nascer em nossa natureza, para que esta, unida à natureza Divina cuja essência é o Amor e a Bondade, fosse numa só Pessoa a Divindade humanizada e a humanidade Divinizada, na comunhão indissolúvel do Amor com o ser amado, como na figura do matrimônio. O Amor verdadeiro sempre busca pelo ser amado e dele jamais desiste. Sem alterar sua natureza, o Amor tomou para si a nossa natureza, tomando para si a nossa culpa para nos reconciliar para a vida eterna: “ELE NOS RECONCILIOU NO CORPO FÍSICO DE CRISTO, POR MEIO DA MORTE, PARA VOS APRESENTAR SANTOS, INCULPAVEIS E ABSOLVIDOS DE QUALQUER ACUSAÇÃO DIANTE DELE. (Colossenses 1. 22) “(…) A RENOVAÇÃO DA CRIAÇÃO É LEVADA A EFEITO PELO MESMO VERBO QUE A CRIOU NO INÍCIO.” (Santo Atanásio. ANTOLOGIA A CRIAÇÃO E A QUEDA. Epístola 39, p. 5, anos 328-373)


 1 Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor; (I São João 4,8)  
2 Acima de tudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3.14) 
3 Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em casa e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.” (Atos 2.44-47)  
4 Existe uma só Pessoa do Filho na Trindade, a qual, após se encarnar em nossa matéria natural por meio de sua geração e nascimento, tornou-se inseparavelmente, e simultaneamente Deus e Homem, uma só Pessoa, possuindo duas naturezas distintas, que não se anulam, não se conflitam e não se excluem: “existe um só Filho: Deus e homem ao mesmo tempo, conforme proclamado pela Igreja desde o Concílio de Calcedônia: “desde aquele início no qual o Verbo se fez carne no útero da Virgem, jamais existiu entre as duas naturezas divisão alguma e durante todas as etapas do crescimento do corpo as ações sempre tenham sido de uma única pessoa, todavia não confundimos, por mistura alguma, o que foi feito de maneira inseparável, mas percebemos pela qualidade das obras que cada coisa seja própria de cada forma. Embora, de fato, seja um só o Senhor Jesus Cristo e, nele, uma única e a mesma seja a Pessoa da verdadeira divindade e da verdadeira humanidade..” (DH 317 e 318)  
5 Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra” (Gênesis 1. 26-28)E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. (Gênesis 1, 26)  
 


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