1. A AMIZADE SE SUSTENTA NA INJUSTIÇA?
R: Não, porque ‘(…) A INJUSTIÇA FAZ NASCER ENTRE OS HOMENS DISSENSÕES, ÓDIOS E BRIGAS, ENQUANTO A JUSTIÇA ALIMENTA A CONCÓRDIA E A AMIZADE."(1) Amizade é uma aliança para a prática do bem comum e individual. E como tal, não pode existir quando no conflito entre os opostos, o mais forte oprime e rebaixa o mais frágil: “O CORDEIRO NÃO PODE TER AMIZADE COM O LOBO.” (Eclesiástico 13, 21) Nos autodestruímos, quando a pretexto de ‘amizade ’ buscamos de modo voluntári ou involuntário o convívio com os que não se importam se caminhamos para felicidade ou ruína. Amizade sincera é encontro de vidas num mesmo propósito, ainda que na diversidade das ideias e pensamentos, como as notas numa música, que apesar de diferentes entre si, caminham juntas, e em harmonia para o fim único que é a beleza dos sons.
2. PODEMOS CHAMAR DEUS DE AMIGO?
R: Sim, obviamente, pois amizade verdadeira implica compartilhar qualidades que nos permitem crescer na fraternidade universal. É não ter medo ou vergonha de buscar ajuda ou consolo; da mesma forma que aquele que é buscado estará sempre disposto à socorrer. Não é relação desse gênero que Deus nos? Logo, Deus é o melhor dos nossos amigos. O convívio entre os amigos fraternos é uma fração da amizade que Deus instituiu com toda a humanidade. A este, podemos chamar de autêntico amigo, pois sua amizade é única, inesgotável e não vê barreiras. No âmbito humano, amigos de verdade são os que comem e bebem da nossa mesa, desfrutando com nossa permissão, do suor do nosso trabalho, seja por necessidade ou pelo simples prazer de usufruir da nossa companhia. Assim é também, e de maneira mais excelente, a amizade que nos propõe Deus por meio de Jesus Cristo.
1 A República. Platão, Ed. Nova Cultural, 1997, páginas 30-37.