Controvérsia:
1 — Parece que não convém ao céu uma rainha, pois, se no reino de Israel, as rainhas eram dispensáveis, também seriam no de Cristo, já que Israel terreno era figura da Jerusalém Celestial, onde Jesus reina.1
2 — Além disso, a poligamia2 dos antigos reis, com centenas ou milhares de esposas e concubinas, os impossibilitou de tornar uma delas sua única rainha.
3 — No mais, o poder da rainha rivalizaria com o Poder do Rei.
4 — Soma-se, que alguns defendem que a devoção à “rainha do céu” veio do paganismo primitivo, e a Igreja a teria incorporado em sua doutrina: […] “Os filhos juntam lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres sovam a massa para fazer tortas destinadas à “rainha do céu”, depois fazem libações a deuses estranhos, o que provoca a minha ira. (Jeremias 17. 18)”
Oposição:
MAS EM CONTRÁRIO, “[…] apareceu em seguida um GRANDE SINAL NO CÉU. UMA MULHER VESTIDA DE SOL, tendo a lua debaixo dos seus pés. E NA CABEÇA UMA COROA DE DOZE ESTRELAS." (Apocalipse 12.1) Ora, UMA MULHER, SURGIDA NO CÉU COROADA, NÃO É OUTRA COISA, SENÃO, UMA RAINHA.
Esclarecimento:
Se aos reis convém uma coroa, também lhe convém uma rainha, a serva mais fiel, útil, feliz e amada dentre seus súditos, a qual testemunha toda honra, bondade e realeza do seu soberano.
Cristo, sendo Rei, lhe convinha a coroa de espinhos, como símbolo do seu sacrifício de amor, ofertado aos seus servos.
Um rei sem coroa é rei sem honra, como um reino sem rainha é casa sem mãe, sem alegria, vez que a alegria da Rainha se deve ao fato de ter carregado o Rei em seu ventre. Por isso, disse o Profeta:
“CANTA ALEGREMENTE, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija- te, EXULTE DE TODO CORAÇÃO, Ó FILHA DE JERUSALÉM; O SENHOR, O REI DE ISRAEL, ESTÁ NO MEIO DE TI; TU NÃO VERÁS MAL ALGUM.” (Sofonias 3, 14 e 15)
E, Maria lhe responde, dizendo: “Minha alma glorifica ao Senhor, MEU ESPÍRITO EXULTA DE ALEGRIA EM DEUS. (Lc 1. 46 e 47)
Logo, convém ao Reino do céu uma Rainha, cuja identidade é revelada na Mãe do Rei:
“O Senhor vos dará UM SINAL: UMA VIRGEM conceberá e DARÁ A LUZ A UM FILHO, e o chamará DEUS CONOSCO.” (Isaías 7, 14)
“Apareceu em seguida UM GRANDE SINAL NO CÉU. UMA MULHER, VESTIDA DE SOL, tendo a lua debaixo dos seus pés. E NA CABEÇA UMA COROA DE DOZE ESTRELAS. ELA DEU A LUZ UM FILHO, UM MENINO, AQUELE QUE DEVER REGER TODAS AS NAÇÕES.” (Apocalipse 12.1)
Vê-se que Escrituras descrevem a Virgem da profecia de Isaías e a Mulher coroada em Apocalipse, como sendo a mesma pessoa. A Rainha celestial é a que daria luz a um Filho, cujo dragão tentaria tragá-lo, e para protegê-lo, ela fugiria para o deserto, tal como Maria, que ao dar a luz a Cristo, fugiu de Herodes, que quis assassiná-lo, escapando pelo deserto do Egito:
“(…) “Apareceu em seguida um grande sinal no céu: UMA MULHER ESTAVA GRÁVIDA […] Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho. ELA DEU A LUZ UM FILHO, UM MENINO, AQUELE QUE DEVE REGER TODAS AS NAÇÕES pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono. A MULHER FUGIU para o DESERTO, onde Deus lhe tinha preparado um retiro para aí ser sustentada,” (Apocalipse 12. 1-6), no que se responde as controvérsias:
Solução:
1 — R: Há um tempo conveniente para todas as coisas. Não convinha que a Rainha fosse instituída antes do Rei, porque ela só existe por causa do Rei, e para servir ao Rei. A realeza da Mulher não poderia ser instituída antes da realeza do Homem, porque primeiro Deus criou o homem, e só depois, por meio dele, veio a mulher. Por isso, antes da coroação dos reis da linhagem de Davi, não poderia ser revelada a importância da rainha. Só após a coroação de Cristo (MT 27, 29) surgiria no céu, a Rainha, com a coroa de doze diademas, representando as doze Tribos de Israel, pois uma profecia havia de ser cumprida: “O SENHOR FEZ UM JURAMENTO A DAVI: COLOCAREI EM TEU TRONO UM DESCENDENTE DE SUA RAÇA.” (Salmo 131) — “O SENHOR REINARÁ PARA ETERNAMENTE; Ó SIÃO, TEU DEUS É REI POR TODA ETERNIDADE.” (Salmos 145, 10)” Como ensinou Agostinho: ”Nenhum filho de Davi reinou para sempre; nem seu reino durou a eternidade, indicando assim, que o Rei, nascido da extirpe de Davi, é Cristo.” (Doutrina Crista p. 68 par, 64)
2 — R: A relação entre rei e rainha há de ser de absoluta fidelidade. Contudo, tal não se tem numa relação marital corrompida pela poligamia cultivada na infidelidade reciproca. Mas numa relação maternal, a Mãe é fiel ao Filho. Se as esposas dos reis eram incontáveis e substituíveis, a Mãe é única e insubstituível, razão porque, no reinado de Salomão, filho de Davi, Deus levantou a RAINHA MÃE, que tomava para si as súplicas dos súditos e as apresentava ao Filho Rei como sendo suas: “PEDE AO REI SALOMÃO, que nada te recusa, QUE ME DÊ ABISAG, A SUNAMITA POR ESPOSA. Está bem, respondeu Betsabé, FALAREI POR TI AO REI. Betsabé foi ter com o rei para FALAR-LHE EM FAVOR DE ADONIAS. O rei levantou-se para ir-lhe ao encontro, fez-lhe uma profunda reverência, e sentou-se no trono. MANDOU COLOCAR UM TRONO PARA A SUA MÃE, E ELA SENTOU-SE À SUA DIREITA.” (1 Reis 2, 17-19)
Daí, seguiu no reino de Israel uma linhagem de rainhas mães: (1 Reis 14:21; 15:2,13; 22:42; 2 Reis 8:26, 1 Reis 15:13)
Cumpria-se, assim, outra profecia: “POSTA-SE À VOSSA DIREITA A RAINHA, ORNADA DE OURO DE OFIR.” (SALMOS 44, 10) Por isso, à direita de Cristo Rei é o lugar reservado a Rainha:
“(…) aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu (João e Tiago, o maior), e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: ORDENA QUE ESTES MEUS DOIS FILHOS SE SENTEM NO TEU TRONO, UM À TUA DIREITA e outro à tua esquerda. Jesus disse: Não sabeis o que pedis. SENTAR A MINHA DIREITA ou a minha esquerda, isto não depende de mim conceder. ESSES LUGARES CABEM ÀQUELES AOS QUAIS MEU PAI JÁ RESERVOU.” (Mt 20. 20-23)
Ao lado de Cristo, o Rei, estão assentados, à direita e à esquerda, o Poder e a servidão, respectivamente. À esquerda, o Poder, na Pessoa do Deus Pai, do qual Cristo se encontra à direita.
Do outro lado, a servidão, na pessoa de Maria, a Rainha Mãe, para que o Trono do Rei estivesse cercado pela AUTORIDADE e OBEDIÊNCIA, sem as quais, nenhum reinado se estabelece.
3 — R: A rainha é a serva mais fiel do rei, a mulher que mais lhe amou, e por ele mais amada: “AMO-TE COM AMOR ETERNO, E POR ISSO, A TI ESTENDI O MEU FAVOR. EU TE RECONSTRUIREI, Ó VIRGEM DE
ISRAEL!” (Jeremias 31, 3-4) Por isso, o rei lhe incumbiu de representar com piedade, os anseios, necessidades e súplicas dos seus súditos em suas mais profundas aflições. A Rainha do céu é aquela que há de ser lembrada em todas as gerações, como representante do povo de Deus. O salmista declarou:
“(…) À TUA DIRETA ESTAVA A RAINHA, ORNADA DE FINÍSSIMO OURO DE OFIR. A TUA BELEZA ENCANTOU O REI. ELE É O TEU SENHOR, ADORA-O. OS POVOS SUPLICARÃO O TEU FAVOR, E FAREI TEU NOME SER LEMBRADO EM TODAS AS GERAÇÕES.” (Salmo 44. 9, 10 e 17)
E ao salmista, respondeu Maria:
“MINHA ALMA ENGRANDECE AO SENHOR, POIS CONSIDEROU A HUMILHAÇÃO DE SUA SERVA! DORAVANTE, TODAS AS GERAÇÕES ME PROCLAMARÃO ABENÇOADA.” (Lc 1.48) No Reino Divino, tudo é ordenado e perfeito. E, onde há ordem e perfeição, não há rupturas, divisões, confusões ou corrupção, e por isso, a Rainha jamais rivalizará com o Rei.
4 — R: O surgimento do falsificado não elimina o verdadeiro. Jesus é o Rei dos reis: “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: REI DOS REIS, SENHOR DOS SENHORES.” (Apocalipse 19. 16) Mas os povos pagãos usurparam dele esse título e deram a Artaxerxes, rei dos persas, e a Nabucodonosor, reis dos babilônios: “ARTAXERXES, REI DOS REIS, a Esdras, sacerdote e escriba versado na Lei do Deus do céu, saudações.” (Esdras 7, 12) — “Eis que eu, desde o norte, trarei contra Tiro a NABUCODONOSOR, rei de Babilônia, O REI DOS REIS, com cavalos, e com carros, e com cavaleiros, e companhias, e muito povo.” (Ezequiel 26, 7) “A Virgem é a rainha coroada no céu, mas os povos pagãos lhe usurparam esse título e o deram a um ídolo, uma falsa deusa. Mas a existência da falsificação não elimina a existência da verdadeira rainha, que não é ídolo, nem deusa, mas é aquela que é Mãe do Rei de todo universo, e que é Deus.
1 “ […] e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, (Apocalipse 21, 10)”
2 “Davi tomou mais concubinas e mulheres em Jerusalém, depois que deixou Hebron e teve delas filhos e filhas. (II Samuel 5, 13)