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A pureza e o pecado habitam simultaneamente naqueles que vem ao mundo ao nascer. Se de um lado, a culpa do pecado original que vem de Adão sujeita as crianças a morte e a todas as imperfeições da natureza corrompida que as priva de ver e interagir com Deus de modo direto e pessoal; de outro, a consciência boa ainda está preservada, pois como não atingiram a idade da razão, não conheceram o mal e não desenvolveram o apetite pelas obras más. Por causa disso é necessário que recebam o Batismo, porque: A uma, são portadoras desde a concepção, da desordem espiritual em sua natureza, a qual as priva da condição de filhas de Deus, pois todos os nascidos da natureza de Adão, nascem na condição de filhos separados do Pai, na qual foram colocados pelo pecado dos primeiros pais da humanidade; e, a duas, porque tendo a consciência pura e limpa, (como Cristo), são as mais próximas D’ele. Fiel se diz de todo aquele que se apresenta mais próximo do caráter e vontade de Deus, como as crianças na idade da inocência. Não há imitadores tão parecidos com Cristo do que elas, razão porque Ele as contabiliza dentre os fiéis: “QUEM RECEBE EM MEU NOME UMA CRIANÇA COMO ESTA É A MIM QUE RECEBE; E QUEM ARRASTAR PARA O MAL UM DESSES PEQUENINOS QUE CREEM EM MIM, MELHOR QUE ATASSE AO PESCOÇO A MÓ DE UM MOINHO E SE LANÇASSE NO FUNDO DO MAR."1 (S. Mateus 16. 5 e 6) A dificuldade em aceitar que crianças de pouca idade ou neonascidas são contadas dentre os fiéis, parte da convicção errada de que fé só é possível na idade adulta porque para crer seria preciso compreender filosoficamente o que é Deus, o Bem e o mal. Ora, a fé das crianças não depende da intelectualidade desenvolvida, mas da pureza das suas consciências que não conhecem o mal, não tendo apetite pelas coisas más: "OUVES O QUE ESTES DIZEM? E JESUS DISSE: SIM. NUNCA LESTES QUE PELA BOCA DOS MENINOS E DAS CRIANÇAS DE PEITO TIRASTE O PERFEITO LOUVOR? (S. Mateus 21, 16) A fé não provém da razão, sendo dom gratuito de Deus que realiza tudo em todos, não sendo crível que tenha dado capacidade de crer a todos, menos as crianças. O desenvolvimento mental não é necessário a receber de Deus a fé, apenas para expressá-la e praticá-la em comunidade. Mas para tanto, as crianças manifestam sua fé por meio da fé da Igreja, através do Batismo. (CATECISMO B2 § 1.282). Não há exceção: Os que são salvos, são mediante a fé, inclusive, as crianças:  "PORQUE É GRATUITO QUE FOSTES SALVOS MEDIANTE A FÉ. ISTO NÃO VEM DOS VOSSOS MÉRITOS, MAS É PURO DOM DE DEUS.” (Efésios 2, 8) Negar o Batismo as crianças a pretexto de que estas não possuem fé, acima de tudo, é criar obstáculo injustificável para que elas não recebam a Cristo: "DEIXAI VIR A MIM AS CRIANCINHAS, NÃO AS IMPEÇAIS, PORQUE O REINO DOS CÉUS É PARA AQUELES QUE SE LHES ASSEMELHAM.” (S. Mateus 19-14) 


1  No grego original, tem-se assim o texto de Mateus 18, 6: "oV d an skandalish ena twn mikrwn toutwn twn pisteuontwn eiV eme sumferei autw ina kremasqh muloV onikoV epi ton trachlon autou kai katapontisqh en tw pelagei thV qalasshV (no grego)

As palavras “pequeninos” e “creem,” são escritas como mikrrwn e pisteu, respectivamente. 

Mikrrwn (μικρός) designa CRIANCINHA em muito pouca idade, com mínima ou nenhuma capacidade de articulação ou autonomia de vontade. 

Pisteu provém do verbo pistiV (πίστις εως, ἡ) significando FÉ”como se vê noutro texto: “Aquele que CRER e for BATIZADO será salvo," - pisteusaV kai baptisqeiV swqhsetai o de apisthsaV katakriqhsetai (S. Marcos 16,16) A mesma palavra em grego -pisteu, é usada  em Mateus 18:6 e  Marcos 16:16,  para se referir a fé infantil e a fé batismal.  

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