* O MAL MENOR É UM BEM IMPERFEITO?
R: O mal menor é a rejeição voluntária da prática de um mal maior, sendo, pois, um bem incompleto e imperfeito, vez que privado da verdadeira bondade que só há no Amor Benfeitor. O bem incompleto ou imperfeito é aquele que não atingiu o fim do qual dele se espera. É um bem em certos aspectos, mas um mal em outros, porque não alcançou com êxito o objetivo de sua existência que é a plena realização da fraternidade que está no bem-querer e no bem-fazer: ‘CERTOS ATOS EXTERIORES PODEM SER CONSIDERADOS BONS OU MAUS, EM DUPLO SENTIDO. GENERICAMENTE, E LEVADAS EM CONTA AS CIRCUNSTÂNCIAS, DIREMOS QUE DAR ESMOLA É UM BEM. DE OUTRO MODO, EM ORDEM AO FIM, DAR ESMOLA PARA SE VANGLORIAR REPUTAMOS UM MAL. A BONDADE OU MALÍCIA DERIVA DAS CIRCUNSTÂNCIAS.” (AQUINO, S. Tomás. Suma Teológica Q 20, art. 2º Da Bondade e da Malícia Livro IIa e IIIae) Se pode voluntariamente atirar uma pedra contra outrem objetivando uma brincadeira grotesca; humilhá-lo; lesioná-lo ou até matá-lo, razão porque, não podemos medir, pesar e julgar essas três ações ilícitas como se estivessem o mesmo nível de maldade. O que atirou por brincadeira tinha o bem contido em não querer humilhar, machucar ou matar. O que atirou para humilhar tinha o bem contido de não lesar, nem matar, e por fim, o que atirou a pedra para matar, embora não tivesse nenhum bem contido, agira pelo bem aparente, desordenado e corrompido em seus fins (mal em sentido estrito), quando, por exemplo, tentava fazer justiça pelas próprias mãos ou satisfazer a dor através de uma vingança ou por qualquer outro ganho financeiro ou pessoal. O ser humano age mal por causa do seu amor-próprio desordenado, e dos bens aparentes gerados da corrupção da razão natural. Porque há níveis e intensidade nos atos maus, e sendo um bem, o mal que se contém em não ser feito, ainda que esse bem seja imperfeito, é que a tese na natureza humana totalmente corrompida ou corrompida desde a raiz - depravação total, não se sustenta.