Defendeu-se que após a consagração no Altar, ainda permanecem pão e vinho com a carne e sangue de Cristo.1 Essa teoria é impossível, pois, para tanto, se deve afirmar que temos comunhão com comida, não apenas com corpo e sangue do Deus que vive na carne. Ora, aquilo que é diferente não se une de modo perfeito. União perfeita é a que une sem nada faltar ou exceder. Não temos comunhão com comida – pão e vinho, mas só com o Corpo de Cristo: 'O REINO DE DEUS NÃO É DE COMIDA, NEM DE BEBIDA.' (Romanos 14, 17) Só precisamos da carne e sangue de Cristo para ressurreição2, o que torna pão e vinho desnecessários. O ser humano é corpo, alma, e divindade, na imagem de Deus que há nele. Também Cristo é Corpo, Alma e Divindade, por sua natureza Divina inseparável de sua humanidade. Nisso vemos perfeição e afinidade entre os que se unem. Na Eucaristia, Cristo se une ao ser humano, e este a Cristo3; e nenhum deles está unido à comida que só serve para saciar apetites: “NÃO TENDES EM CASA O QUE COMER E BEBER?” (1 Coríntios 11, 6) Permanecendo pão e vinho, haveria acréscimos ilícitos que contaminariam e perverteriam a união perfeita da humanidade salvadora de Cristo com a humanidade a ser salva: “A MESA DO SENHOR ESTÁ MANCHADA; O QUE NELA SE OFERECE É ALIMENTO COMUM.” (Malaquias 1. 12 e 13) Tomando o pão e o bendizendo, Ele falou: “ISTO É MEU CORPO.” Levantando o cálice de vinho, disse: “ISTO É MEU SANGUE.” Não é dito: ‘ESSE PÃO SIMBOLIZA O MEU CORPO, E ESSE VINHO REPRESENTA MEU SANGUE’; ou ‘MINHA CARNE UNIDA AO PÃO, E MEU SANGUE UNIDO AO VINHO.’ Ele fala exatamente o que é: “QUEM COME A MINHA CARNE E BEBE O MEU SANGUE.” (S João 6, 54) “Ajuntai-vos em toda parte para o MEU SACRIFÍCIO, QUE EU OFERECI POR VÓS vós, UM SACRIFÍCIO GRANDE NOS MONTES DE ISRAEL. COMEI CARNE E BEBEI SANGUE.” (Ezequiel 39,17 e 18)
1 Catecismo Menor de Lutero VI 2; e Catecismo Maior 8.
2 QUEM COME A MINHA CARNE E BEBE O MEU SANGUE TEM A VIDA ETERNA; E EU O RESSUSCITAREI NO ÚLTIMO DIA.’ (João 6. 54)
3 ‘(…) assim, EMBORA MUITOS, FORMAMOS UM SÓ CORPO EM CRISTO.(Romanos 12. 5)